NOSSO HORIZONTE
Pina
Não estranhe não, é o mesmo nome, mas é outro irmão, estou falando do Pina que é mais novo que o Joãozinho, mas tem o mesmo nome.
Em 1960, Pina chega a São Paulo e vai morar numa pensão na Bela Vista, começa a trabalhar como mecânico e no início dos anos 70 ganha do seu irmão Altamiro um Fusca 66 e começa a trabalhar como taxista.
Pina conheceu sua mulher Marinalva nos anos 60 ficou namorando e noivando por aproximadamente 10 anos e no dia 19 de junho de 1975 casa numa cerimônia maravilhosa numas das igrejas mais famosas e tradicionais de São Paulo, a Nossa Senhora do Brasil.
Junto com a Marinalva, constrói uma casa e começa a morar no Jardim Pazzini.
Em 77 chegou sua primeira filha Fernanda, em 79 a Vanessa.
Vanesa é casada e tem dois filhos, Fernanda permanece solteira trabalhando com Medicina.
Pina ficou casado por 10 anos.
Em 1989 estava separado e morando conosco na Rua9 quando ficou doente e morreu em abril em consequência da Diabetes.
…. lembro das tardes de domingo no final dos anos 70, quando Pina colocava todos nós meninos da Rua9 no seu taxi (um fusquinha com vidro bolha) e íamos dar uma volta por São Paulo, gostava de nos levar até o Aeroporto de Congonhas para ver os aviões, era uma diversão, lembro também que todas as tardes quando ele chegava em casa e nós “Amigos da Rua9” estávamos brincando na rua e ele pedia para lavar o carro. (peguei trauma e até hoje não gosto de lavar meu carro. kkk)
Era o irmão mais animado, adorava uma festa e contava muitas histórias, conversava sobre qualquer assunto. (isso é coisa de taxista) Acompanhei de perto sua separação com a Marinalva, tenho certeza de que um dos principais motivos da separação tenha sido o fato da Marinalva ser uma mulher muito independente, e isso o incomodava muito.
Fico orgulhoso em saber que minha mulher Laura, tem uma profissão, ganha seu próprio dinheiro e participa financeiramente, seja da rotina de casa e das nossas viagens. Meu irmão Pina jamais admitiu isso, o que era uma pena, naquele momento aprendi que temos que respeitar as liberdades e opções de vida de cada, e o casamento é o melhor lugar para isso acontecer, desde que um aceito o outro.
Acompanhei também a tristeza dele por estar longe das 2 filhas ainda pequenas e tudo isso fazia um descontrole em sua Diabetes.
Uns 2 anos antes dele morrer, passou a morar conosco na Rua9, ali ele descobriu o meu talento pelo futebol e passou a ser meu fã, adorava me ver jogar bola no Brasilzinho e fazia questão de todos os domingos nos levar no seu taxi para todos os bairros de São Paulo para me ver jogar. Apesar de estar bem debilitado por causa da Diabetes eu sentia que ele adorava esse momento.
Eu tinha certeza de que naquelas manhãs de domingo eu poderia fazê-lo feliz.
Em muitos momentos eu consegui.